Connect with us

Reportagens

Angústias da guerra que nunca acabava

Publicado

no dia

O início da primeira conversa com Américo Froner para esta reportagem se deu com um pedido para que ele descrevesse o comércio rio-pedrense dos tempos mais remotos que se lembrasse.  A resposta veio da seguinte forma:

“Eu me casei em 43. Em 23 de fevereiro. Depois fui encontrando com a guerra. Falei: puxa vida! Quer ver que eu vou embora pra guerra também? Eu entrei na lista, o senhor acredita? Estava convocado pra guerra. Passei um tempo bárbaro”.

A falta de relação entre o enunciado e a resposta é sinal do quanto a 2ª Guerra Mundial o traumatizou. O relato do centenário cidadão rio-pedrense dá a dimensão – e aproxima aqueles que o ouvem – do horror que foi viver naquele período, mesmo naquela Rio das Pedras predominantemente rural.

Recém-casado e pré-convocado, o “Capitão”, como Froner passou a ser chamado pelos seus amigos (apelido um tanto sarcástico, uma vez que deixava aterrorizado aquele jovem homem), acompanhou o conflito pelo rádio. Descreve com riqueza de detalhes algumas passagens traumáticas da batalha chamada por ele de “a guerra que nunca acabava”.

A lembrança viva é digna de ser utilizada como material para pesquisa acadêmica sobre as impressões causadas no receptor pela comunicação radiofônica. Como todo ser inteligente, Froner sabia (e continua sabendo) o valor da informação (e da formação também, mas isso é assunto para o outro capítulo). Encontrou uma maneira de driblar a ordem do então governo de Getúlio Vargas (o ex-presidente determinou que os italianos e seus descendentes entregassem os aparelhos de rádio nas delegacias locais).

O dele está guardado até hoje. Um belo aparelho com acabamento em madeira, comprado na loja do Jacinto Barrichello, em 1925, assim que o rádio foi lançado no Brasil. Sintonizava as estações a partir de uma fiação passada no forro da casa para servir como antena. Instalou um sistema de antena para pegar as chamadas “ondas curtas” e ouvir rádios estrangeiras. Conta que, com um botão na parede, conseguia ligar e desligar a frequência do rádio. Talvez para burlar as autoridades, que, segundo ele, passavam com carro-escuta na rua (possivelmente um boato difundido para instaurar paranoia).

Conseguia, conta ele, ouvir rádios do mundo inteiro. O programa internacional que mais gostava era um chamado A Voz da Alemanha, transmitido de Berlim por um locutor brasileiro.

A cena do jovem aterrorizado ouvindo clandestinamente programas de rádio durante as madrugadas, na companhia do amedrontado patriarca, o tirolês (austríaco que falava italiano) Gedeone Froner, inspiram a construção mental de como seria a dramatização da cena para uma reportagem documental. Repete até hoje os dizeres em italiano do pai quando os dois ouviram juntos no rádio, numa madrugada, que os alemães haviam explodido uma ponte com milhares de soldados aliados que se preparavam para invadir a Alemanha.

Froner viu seu medo aumentar quando um conterrâneo rio-pedrense, que também figurava na relação dos pré-convocados, foi chamado a se juntar à Força Expedicionária Brasileira (FEB) e enviado ao campo de combate. O rio-pedrense que lutou na 2ª Guerra Mundial é identificado por Froner como Alberto Barnabé, chamado por dele de Bertim.

Ao todo, 25.834 homens e mulheres foram enviados pelas Forças Armadas do Brasil para se juntar aos Aliados na fase final da Segunda Guerra. Questionado se preferia morrer ou de a ter que matar alguém na guerra, responde de imediato e com a convicção que torna ainda mais digna de admiração essa boa alma: “Eu preferia morrer”.

 

NA LISTA

“Recebi um documento dizendo que estava convocado para a guerra. Mas escapei. Só um amigo meu foi, o Bertim Barnabé. Depois ele contou como foi. ‘Ê, Américo, o senhor escapou, mas eu passei febre lá [risos]. O meu serviço, Américo, era com um trator de abrir valeta [trincheira]. Cercamos a Alemanha inteirinha com cavadeira para tanque de guerra não poder passar’.”

“Ele [Bertim Barnabé] estava lá num campo abrindo valeta. O avião o avistou. Soltaram uma bomba em cima do trator dele. Nossa senhora! Jogou o trator de lado. E não pegou nele!”

“O Brasil mandou aquela tropa de guerra com 30 mil soldados que o general Dutra acompanhou até lá. Os alemães falaram que não iriam se assustar com aquilo. Falaram que era pouco. Os brasileiros foram atacar nas costas da Itália. Estava uma batalha feia lá. No primeiro ataque não ficou um. Morreram todos. Só sobraram quatro brasileiros que vieram de volta. Nossa senhora! O brasileiro, coitado! Não sabia nada desse negócio de guerra. Nunca foi em guerra o Brasil.”

“Olha, eu estava esperando ser chamado. Falei: Ê, Rosinha [esposa], acho que eu vou embora pra guerra. Todos meus amigos me tratavam como capitão de guerra [risos]. 1943, 44. Acabou em 45. Aí veio a comunicação que terminou a guerra, então apaziguou tudo. Ih, nossa mãe! [risos]. Se o senhor visse a festa que fizeram.”

“Quando avião passava no céu, e de vez em quando passava algum pequeno por aqui, mas muito longe, todo mundo corria se esconder dentro de casa. Não foi fácil. Aconteceu tudo isso na guerra que nunca acabava.”

“O povo não tinha vida naquela época, não tinha alegria. Sempre vivendo com medo de que a guerra se expandisse para o Brasil.”

 

O RÁDIO

“Como meu pai era da Europa, da Áustria, era proibido ter rádio. Tudo quanto é casa de pesca [ranchos de pescaria] que tinha – e que algum pescador tem até hoje – na beira do rio Tietê, ele [governo Vargas] mandou derrubar. E mandou levar todos os rádios na delegacia. Aí levei lá. Olha, doutor, trouxe o rádio aí. Se o senhor quer assistir, tá aí, pode ligar [risos].”

“Fiquei com um de reserva [risos]. Tá lá até hoje guardado. Tem três válvulas que são barbaridade. Eu ligava em ondas curtas também pra pegar a Alemanha, Berlim, a Rússia, os Estados Unidos, o Japão, todos esses países da Europa.”

“Entendia mais ou menos. A rádio de Berlim tinha um locutor brasileiro que transmitia o noticiário da guerra chamado A Voz da Alemanha. Eu ligava toda noite baixinho. Duas horas da madrugada, eu e meu pai assim [com o ouvido no rádio, em volume baixo]. Mas muitas vezes passava o carro-escuta. O carro de polícia que tinha o aparelho lá. Ele ligava no meio da rua e escutava a gente conversar. Um dia parou um cabo [da polícia] e bateu na porta.
– Olha, escuta aqui: o senhor está ligando o rádio no estrangeiro, na guerra?
– Eu não. Pode entrar aí. O rádio meu eu precisei entregar pra delegacia.
– Tá muito bom.”

“À meia-noite, uma hora da madrugada, ligava com meu pai para ouvir. Esse locutor era o Mario de Andrade. Transmitia o noticiário de guerra para a rádio de Berlim. Os noticiários da Inglaterra, França, Estados Unidos… Bom, essa transmissão falava tudo sobre as batalhas da Rússia, Japão, êêêê fim do mundo, viu?! Se o senhor visse o que era o japonês na guerra! Americano passou apertado. Eu não perdia um. ‘Chegou um couraçado de guerra encostado em uma ilha próxima de Cingapura, a Ilha Formosa’. Estava carregado com 60 tornados pra atacar de cheio o Japão. Então, os japoneses se reuniram lá entre eles e falaram assim: ‘olha, os americanos estão encostados perto dessas ilhas. Vamos abrir os olhos porque vai ser feia a coisa pra nós’.”

“Aí o Japão pegou aqueles suicidas [kamikazes]. Aquilo foi o inferno pros americanos. Saíram pra cima dos couraçados. Deu no noticiário depois: ‘americanos afundaram no mar’ [provavelmente se refere ao ataque a Pearl  Harbor]. Veja a potência do japonês.”

“Alemanha atacava mais. O alemão atacava de noite, no escuro com a aviação deles. Não acendia lâmpada, nada. Chegou uma noite que atacou com 200 aviões de bomba. Aquilo foi uma chuva bárbara. Explodia a França, a Inglaterra para todo lado. Morria muita gente. Mas morria, viu?”

“O alemão chegou em território da praça vermelha da Rússia. Stalingrado, Belgrado. Era a travessia dos alemães que queriam essas posições pra pegar de cheio a Rússia. Chegou o frio, os alemães precisaram se afastar. Todas as tropas de guerra, porque não suportavam de tão gelado que estava aquele ano. Aí foram abandonando, abandonando…”

“Na entrada da Alemanha tinha o rio Reno, que formava um braço de mar. Tinham que atravessar lá pra atacar a Alemanha por terra. Os alemães tinham estradas por cima do rio. Não me lembro se ao Norte ou ao Sul da Alemanha. Os Estados Unidos, a Rússia, a Inglaterra, a França conseguiram passar. Brasileiro não estava no meio. Os alemães estavam de prontidão, já. Esperando. E era um braço de mar comprido. Cabiam 30 mil, 40 mil soldados. O alemão tinha uma bomba no pilar da ponte. Explodiram a bomba. Não escapou nada. Morreram todos que estavam atravessando. E eu peguei tudo meio escondido na transmissão [da rádio]. Meu pai falava: ‘Mama mia! [repete dizeres, em italiano, pronunciados pelo pai dele espantado com a explosão da ponte pelos alemães]. Ele falava muito italiano. Gostava, né?”

“Tinha uma antena de lá do moinho até aqui. Vinha pelo forro da casa. Desci no canto da porta lá da rua. Cortei beirando o batente, bem de lado, coloquei um fio-terra. Porque, colocou o fio-terra, é o fim do mundo pra pegar. Tinha uma potência bárbara. Deixei um parafuso pra ligar no rádio e afundei 50 cm a fiação. Tá lá na porta até hoje. É como essa tomada aqui. O senhor está vendo aqui? Essa daqui era para o Rádio também. Aí eu falei: pode vir quem quiser, pode ligar onde quiser, se não apertar o botão aqui, não pega a antena.  Quando percebia um carro que vinha vindo, nós desligávamos. Quando a polícia ia embora, ligava.” 

 

 

INTELIGÊNCIA ALEMÃ

“Se o senhor soubesse a capacidade do alemão! Antes de a guerra começar eles estavam fabricando o computador. Alemão inventava tudo. O computador dele ajudou nos cinco anos de guerra, viu? Muito inteligente. Quando aquelas tropas contra a Alemanha estavam em batalha naqueles morros, naquelas montanhas, o computador dava um sinal vermelho. Quando se afastava do alemão na guerra, ele dava o verde pra dizer que eles estavam se afastando. Era uma potência bárbara aquele computador. Era mais ou menos do tamanho da estante da televisão. Grande! Uma inteligência que o senhor não acredita, a da Alemanha.

“Eles tinham de bom também o submarino bombardeiro. Os submarinos carregavam uma base de 200 soldados. E eles soltavam 10, 15 submarinos espalhados por todo o mar. Aquele torpedo era muito comprido. Trincava a porta do navio de lado, furava, afundava o navio americano. Pra aguentar a Alemanha foi duro”

 “É muito difícil de dominar o alemão na guerra, viu? Muito difícil. Coisa de louco. A mortandade foi feia. A Inglaterra passou apertada com o Hitler. Bastante. E a França também.”

“Os Estados Unidos foram surpreendidos porque eles [alemães] faziam força para isolar os Estados Unidos da guerra.”

O HORROR

“Foi uma barbaridade. A reportagem falava: ‘sangrenta batalha: corre sangue pelas calçadas’. Corria sangue dentro da Rússia. Tudo pra pegar o Stalingrado, Belgrado.”

“O Hitler tinha a câmara de gás. Os alemães pegavam crianças e levavam todas elas para dentro. Enganavam elas, levavam balas para elas, depois ligavam a câmara de gás. Era coisa de impressionar o povo.”

“Eu falo até hoje: se sou de um governo não deixava passar esses filmes, não. Não, não, não. Mau exemplo para as crianças. Ver aquilo lá? As mães chorando em cima dos soldados mortos para todos os lados. Outra: soldados pegavam mortos com as mãos e iam empilhando. Faziam pilhas de dois mil, três mil soldados. Daqui lá na esquina, longe. Dessa altura. Tudo com perna para baixo.”

 “Na Alemanha, em todos os países, as mães de família que mandavam soldado para a guerra pegavam revolver do marido e se suicidavam a toda hora. Tinha bastante. Porque era muita barbaridade. Era demais. Não respeitavam nem criança que estava no berço. O fim do mundo estava lá.”

“O Hitler?! Ô bicho feio de homem. Ô, se eu o odiava. Ele colocava todos lá num campo grande. Descia com um avião de gás, morriam todos. Não teve coisa mais feia no mundo. Mais do que isso não pode acontecer.”

“Foram cinco anos de rios de lágrimas. A mãe perdia o filho de 18 anos… Aquelas bombas caíam longe… Todo o mundo assustado.”  

 

Reportagens

Um fenômeno chamado Leão da Prudente

Publicado

no dia

Time tricampeão amador perfilado. EM PÉ: Amaral, Serginho Evangelista, Lu Marcello, Mané Carvalho, Bassane, Esquerdinha, Dirlei Marcello, Pedro Arthuzo, Zé do Banhara e Zicoca (massagista); AGACHADOS: Ernesto Hansen, João Pitoco, Wilson Angelelli, Ronaldinho, Du Marino, Bira, Tiganá, Gusto Begiato e Júnior Marino. Técnico: Osmar Ganassim

Reportagem originalmente veiculada na primeira edição da revista Nossa Rio das Pedras, em 2009, republicada em homenagem a Osmar Ganassim, falecido hoje (08/12/2020).

“Era uma paixão, uma coisa incrível. Não sei o que tinha aquela camisa, mas quem a vestia ficava apaixonado. A gente comia, bebia e sonhava com o Leão.”. A declaração de Osmar Ganassim sai de

Osmar Ganassim (*13/02/1952 +08/12/2020)

forma espontânea ao comentar sobre o time que ajudou a dirigir no final da década de 70 e início dos

anos 80: o Leão da Prudente. Um fenômeno que passou como um rolo compressor por cima dos adversários durante seus pouco mais de seis anos de existência.

“Nunca fomos vice-campeões. Em todas as competições que entramos, saímos campões”, enfatiza Ganassim. Entre os feitos de destaque do Leão, estão a conquista do tricampeonato amador de Rio das Pedras (79,80 e 81) e o título da Copa Intercontinental em Piracicaba, ambos noticiados pelo Jornal de Piracicaba.

O trecho final da matéria do JP que aborda o tricampeonato amador traz os seguintes dizeres: “Para comemorar o tri, acontecerá domingo um suculento churrasco na fazenda do Sr. Pedro Furlan. Os interessados em participar favor falar com o Pio Ganassim”. Pio e Pedrão Furlan foram dois dos contagiados pela paixão que era torcer e fazer parte do Leão da Prudente.

Apoia o projeto Nossa Rio das Pedras

Osmar Ganassim relata uma série de episódios de demonstração de amor ao time. “Nosso primeiro uniforme quem doou foi Anésio Scarassatti. Quando a TV em cores foi lançada, praticamente ninguém tinha em Rio das Pedras e o Dirceu Cortelazzi doou uma para o Leão rifar. Tinha um tapete no Bar do Capucim que o Pino Guidolim rifou umas dez vezes. Aqueles que ganhavam devolviam para que fosse rifado novamente”, conta.

O Bar do Capucim, citado por Osmar, foi o berço do Leão, que ganhou vida com o nome de Leão da Madrugada, por meio de um grupo de boêmios, a maior parte sem grande afinidade com a bola. São citados como fundadores: Totonho Pompermayer, Ernesto Hansen, os irmãos Edson e Sérgio Angeleli, Mané Carvalho, Mombuca, Bassani, Osmar Ganassim, Tone Donanzan, Franquinho, Mundinho, Chico Vendrame e outros. Todos freqüentadores do Bar do Capucim que, na época, ficava onde hoje funciona a Kinta Skina lanches, na rua Prudente de Morais.

Envelope para correspondências personalizado do Leão da Prudente

Depois que Luiz Capucim mudou o bar para a localização que ocupa até hoje, o nome passou a ser “Bar da Prudente”. Ali o Leão assumiria de vez a condição de bicho-papão do futebol rio-pedrense. Viriam para o time grandes nomes do futebol rio-pedrense da época, como mostra a foto acima. Outros jogadores de fora também ajudaram a consagrar o Leão. Sendo os principais Berto Torina, Piau, Wilson e Gê Angelelli, vindos de Saltinho; Ronaldinho, de Santa Bárbara; Lelo Marquinho Leme, Fernando e Carlinho Jacaré, de Piracicaba; Pilon, de Guararapes; e Bira, de Capivari.

“Quando trazíamos jogadores de fora é porque eram craques. E nenhum nunca cobrou um tostão para vestir a camisa do Leão”. A supremacia fez com que uma mobilização se formasse para derrotar o Leão. Por isso, um dos jogos mais especiais da história do time foi contra um o Velo Riopedrense, time formado por um político local, que investiu dinheiro com o objetivo exclusivo de bater o Leão. “Pegamos eles logo na estreia e enfiamos 6 a 1”.

 

Apaixonados ajudaram a tocar o time

A história do Leão da Prudente é repleta de aficcionados que se doaram para construir a história vencedora. Osmar Ganassim destaca, no entanto, a figura de Luiz Capucim. “Gostaria que ficasse registrada em nome de todos os leoninos uma homenagem especial a Luiz Capucim, que foi nosso diretor financeiro, presidente, pai e amigo. Que Deus o tenha em ótimo lugar e nos abençoe sempre”.

Luiz Capucim diretor, pai e amigo. Tudo para os leoninos. FOTO: ÁLBUM DE FAMÍLIA

Outros citados por ele são Nilo e Dirceu Cortelazzi, Sinésio Borsato, Pedro Vendrame, Antenor Soave, Walter Begiato, Pio Ganassim, Pedro Furlan, Chico Ganassim, Amauri Gomes, Nilo Sacaro, Pino Guidolim, Alemão Dadam, Natinho Faria, Nhoca, Zicoca, Wilson Maranhão, Chico Ariozo, Ubaldo e Ubaldino Toledo (fundadores da Nechar) e outros.

“Todos se doavam muito. O Pino, por exemplo, passou dois dias correndo atrás de jogadores para a Copa Intercontinental. Era uma loucura”, disse. “Faço questão de agradecer a Revista NOSSA, que, depois de 30 e poucos anos, presta essa justa homenagem a todos os leoninos”, finalizou Osmar.

Continuar lendo...

Reportagens

FAMÍLIA HANSEN: SINÔNIMO DE BOM FUTEBOL

Publicado

no dia

O patriarca Carlos Hansen entre os filhos André e Matheus: condutas como esportista e como cidadão renderam homenagem na Câmara Municipal

Carlos Hansen marcou época com a camisa 10 do Comercial de Ribeirão Preto nos áureos tempos do futebol paulista; Matheus, que fez longa carreira por clubes do Brasil e da Europa, forma com o irmão André dupla vencedora no futevôlei

Rodrigo Guadagnim
rodrigo@nossariodaspedras.com.br

Falar de Rio das Pedras e não falar de futebol é omitir parte importantíssima da história da cidade. É ignorar atividade que permeou a vida da maioria da população. E a família Hansen, entre tantos praticantes dessa modalidade tão apreciada pelos rio-pedrenses, foi a que mais se destacou.

Antonio Carlos Borsato Hansen, ou simplesmente Carlos Hansen, jogou profissionalmente por muito anos e o filho Matheus seguiu os passos do pai. Por onde passaram, no Brasil e no exterior, levaram o nome de Rio das Pedras pelo talento e o dignificaram com a conduta pessoal.

Papéis de embaixadores que os Hansen, aliás, continuam desempenhando. Atualmente, Matheus e o irmão mais novo, André, formam uma dupla profissional de futevôlei que tem se destacado e ganhado etapas do Campeonato Paulista. No ano passado, os irmãos Hansen foram vice-campeões paulista, disputando com as principais feras do esporte no Estado.

Pela razões mencionadas, os Hansen foram os escolhidos para representar todos os demais praticantes e amantes do futebol, nesta edição comemorativa de Nossa Rio das Pedras. A seguir, abordaremos a trajetória do patriarca.

 

Apoia o projeto Nossa Rio das Pedras

 

DUELOS HISTÓRICOS CONTRA SÓCRATES
E PRÉ-CONVOCAÇÃO À COPA DE 1978

Era comum na década de 1970 os times do fortíssimo Campeonato Paulista terem as escalações de seus meios-campos recitadas por torcedores e pela imprensa esportiva. Tempo de fartura. Época em que o camisa 10 clássico era o dono da bola. A Ponte Preta tinha Dicá, o Guarani tinha Zenon, o Botafogo-SP tinha Sócrates… Durante sete anos, naquela década, o rio-pedrense Carlos Hansen foi o dono da 10 de um elenco histórico do Comercial de Ribeirão Preto que disputou duas Séries A do Campeonato Brasileiro (1978 e 1979).

As boas atuações fizeram com que Hansen figurasse na relação dos 48 pré-convocados para a Seleção Brasileira para disputar a Copa do Mundo de 1978 na Argentina.

Período de memoráveis Comes-Fogos, na ocasião considerado um dos maiores clássicos do futebol brasileiro, disputado entre Comercial e Botafogo. Se o Comercial tinha Hansen como maestro, do outro lado a batuta ficava nas mãos de ninguém menos que o Doutor Sócrates.

“Joguei um monte de Come-Fogo contra o Sócrates”, contou Hansen. Um desses ficou marcado como um dos maiores triunfos da história do Comercial e garantiu vaga ao Leão no Campeonato Brasileiro de 1978.

Disputado em 16 de outubro de 1977, em um super lotado estádio Santa Cruz, casa do rival Botafogo, o jogo terminou empatado em 1 a 1. O Comercial jogava pelo empate.

Sócrates marcou para os donos da casa aos 20 minutos do primeiro tempo e Jader empatou para o Comercial aos 14 minutos da segunda etapa, calando a torcida local. Carlos Hansen jogou os 90 minutos daquela decisão.

Foi o terceiro jogo de uma “melhor de três partidas” criada pela CBD (Confederação Brasileira de Desportos, atual CBF) para definir qual dos dois times de Ribeirão Preto disputaria a Série A do Nacional. O Campeonato Paulista tinha tanto prestígio e os times de Ribeirão Preto eram tão respeitados que a CBD decidiu abrir uma vaga para que um deles jogasse o Brasileirão.

O feito é considerado heroico pelos comercialinos porque a equipe jogou uma partida em casa e duas fora (venceu a primeira por 1 a 0, no estádio Santa Cruz; empatou em 1 a 1 a segunda, no Palma Travassos; e empatou novamente em 1 a 1, no Santa Cruz).

Além de Sócrates, o Botafogo contou naquela melhor de três com o promissor ponta-direita Zé Mario, que três meses antes, em junho daquele 1977, tornou-se o primeiro jogador na história do futebol brasileiro a ser convocado para a Seleção Brasileira atuando por um clube do interior. Zé Mario morreu em 11 de fevereiro de 1978, aos 21 anos, em decorrência de uma leucemia.

Sócrates tinha 23 anos na oportunidade e Carlos Hansen 25. Não era simples tirá-los de suas equipes como é hoje. Tanto que Sócrates estava há cinco como profissional do Botafogo, clube pelo qual fez 259 jogos e marcou 101 gols.

CONTUSÃO IMPEDIU IDA AO CORINTHIANS

Depois daquela melhor de três histórica de 1977 contra o Botafogo-SP que deu a vaga para o Comercial no Campeonato Brasileiro do ano seguinte, os dois destaques de Ribeirão Preto, Sócrates e Carlos Hansen, receberam proposta do Corinthians. O técnico Osvaldo Brandão queria a dupla.

Sócrates foi. A história posterior todo mundo conhece. Virou um dos maiores ídolos da história do Corinthians e jogou duas Copas do Mundo (1982 e 1986). A contratação de Carlos Hansen foi barrada por conta de uma lesão no menisco.

Em uma época em que a medicina esportiva não era evoluída como hoje, as seguidas lesões posteriores tornam-se obstáculo para que a carreira de Hansen fosse ainda mais brilhante. Fica a interrogação se, a exemplo, de Sócrates, o meia rio-pedrense poderia ter brilhado na seleção canarinho.

“Quando o Osvaldo Brandão foi me buscar para me levar para o Corinthians, eu tive a lesão no menisco. Foi a primeira. Depois lesionei o ligamento. No final, tive que tirar até a rótula. Fiz quatro cirurgias no joelho direito e uma no esquerdo”, contou Hansen.

Jogando pelo Botafogo, Sócrates foi o artilheiro do Paulista de 1976.  Tanto ele como Carlos Hansen estiveram na mira da Seleção Brasileira para a Copa do Mundo de 1978. Hansen integrou a relação dos 48 pré-convocados pelo técnico Cláudio Coutinho.

SELEÇÃO BRASILEIRA SUB-23 E SELEÇÃO PAULISTA

Durante a carreira, Carlos Hansen foi convocado três vezes para a Seleção Brasileira de novos (atual sub-23) e seis vezes para a Seleção Paulista, na década de 70, atuando ao lado de estrelas como Rivelino e Sócrates.

Além da proposta do Corinthians, Hansen foi procurado por outros grandes clubes (São Paulo, Porto de Portugal e Kashima do Japão). O Comercial não aceitou negociá-lo.

Hansen entende a resistência dos dirigentes comercialinos como sinal de admiração e reconhecimento pelo profissionalismo e alto rendimento demonstrado por ele como atleta, dentro e fora de campo.

 

 

CARLOS HANSEN BATIZARÁ CENTRO ESPORTIVO

Em março deste ano, o nome de Carlos Hansen foi aprovado pela Câmara de Vereadores de Rio das Pedras para batizar o Centro Esportivo do Bairro Luiz Massud Coury. O nome foi Hansen foi sugerido pelo vereador Carlos Ivan Sicca (PV) e aprovado por unanimidade.

“Aceitei com muita honra. Fiquei muito contente. Agradeci ao Carlos Sicca pela homenagem e por se lembrar de mim como atleta profissional que representou Rio das Pedras”, disse Carlos Hansen.

O filho Matheus também agradeceu a lembrança. “Fico feliz que tenham valorizado tudo o que meu pai fez, levando o nome de Rio das Pedras como ele levou. Meu pai foi várias vezes homenageado em Ribeirão Preto, em Tietê, mas nunca havia recebido uma homenagem em Rio das Pedras”, disse.

Matheus é professor de educação física e torce para que o centro esportivo que levará o nome do pai seja bem aproveitado para colocar crianças e adolescentes no bom caminho da disciplina e da saúde.

 

FRASES:

INESQUECÍVEIS COME-FOGO

“Fiz gol contra Corinthians, Palmeiras, contra o Cruzeiro, no Mineirão, mas os grandes momentos da minha carreira foram os clássicos contra o Botafogo, o Come-Fogo. A gente se concentrava na quinta-feira. Íamos embora da cidade e só voltávamos no domingo. Sempre fui feliz nos Come-Fogo. Mais ganhei do que perdi. Inclusive até fiz gol da vitória em Come-Fogo. O clássico movimentava a cidade. O Estádio ficava lotado. As pessoas contavam os dias para chegar a rodada”, Carlos Hansen.

NO SANTOS DE PELÉ

Tive uma passagem rápida pela base do Santos. Chegamos a treinar, e a jogar amistosos contra aquele Santos de Pelé, Clodoaldo, Mengalvio, Gilmar no gol… Cheguei a treinar com eles. Era bonito de ver. Tinha mais gente para assistir a um treinamento para ver o Pelé do que em um jogo. A maioria era gringo. Poucos brasileiros. Fui com o João Pitoco [Morales]. Ele era muito apegado ao pai. E eu fui muito novinho. Ele falou que voltaria [para Rio das Pedras]. Eu vim embora junto”, Carlos Hansen

REVELAÇÃO

Disputei um campeonato Amador de Piracicaba pela Usina São Jorge. O Garcia Neto foi radiar o jogo e me viu. Passaram a informação para o XV. E o pessoal veio me buscar e eu acabei ficando no XV. Comecei a treinar, me tornei profissional com 17 anos”, conta Carlos Hansen, que estreou como profissional no Campeonato Paulista de 1969.

MATHEUS FALA SOBRE PASSAGEM NO BRASIL E NO EXTERIOR

“Passei por 20 clubes profissionais, joguei seis campeonatos regionais diferentes. Joguei o Gaúcho, o Goiano, o Paulista, o Carioca, o Mineiro. A diferença do Campeonato Paulista para os demais é muito grande”,

Disputei também os campeonatos Polonês e Ucraniano da primeira divisão. Pelo Metallurh-Zaporozhye, da Ucrânia, joguei a Liga Europa, que na época se chamava Copa da Uefa. Joguei contra o Leads United da Inglaterra. Perdemos por 1 a 0 na Inglaterra e empatamos em casa por 1 a 1. O Leeds tinha vários jogadores que disputaram a Copa do Mundo de 2002”,

 Na Polônia foi um campeonato bem bacana. Joguei num time que tinha vários brasileiros. Dos famosos tinha o Amaral, o Cleison, que jogou no Cruzeiro; tinha o Vágner, que jogou no Atlético Mineiro e no São Caetano; tinha o Neneca goleiro, o Fabinho Capixaba, ex-Palmeiras. Vários jogadores famosos e os brasileiros estavam todos no nosso elenco”, Matheus Hansen.

EXEMPLO DE CONDUTA

“Uma vez fui questionado sobre o porquê de apenas eu, da minha geração, me tornar jogador profissional. Uma das coisas que me ajudou foi sempre me cuidar muito. Sempre fui extremamente profissional nesse sentido. Enquanto outros estavam indo pra festa, gostavam de bagunça, de beber, eu já pensava em me cuidar”.

Costumo passar o seguinte para os mais jovens: direcione a vida para o objetivo que quer alcançar. O que é bom? O que preciso fazer? Treinar, me alimentar bem? Então tudo o que estiver fora disso é o que vai te tirar do caminho do seu sonho”, disse Matheus, que a exemplo do pai, nunca fumou nem ingeriu bebida alcóolica.

Continuar lendo...

Reportagens

PARTO NATURAL EM CASA

Publicado

no dia

“Quando ele [Rafael] nasceu, eu estava junto dentro da banheira, abraçado a ela [esposa]”. O relato do momento final do parto é descrito pelo marido Willy como “uma experiência linda, maravilhosa!” - FOTO: ACERVO DA FAMÍLIA

Em 26 de agosto de 2019, o casal Giuliana e Willy foi pioneiro em Rio das Pedras ao parir o filho Rafael por meio de um Parto Natural Humanizado Domiciliar.

Nos dias seguintes à mulher dar à luz um bebê, é comum ouvir das visitas a pergunta: “qual médico fez o parto?”. Trata-se de senso-comum entranhado na cultura contemporânea, dominada pelos partos cirúrgicos – mais conhecidos como cesárea ou cesariana – que revela distorção nos papéis. O Parto Natural Humanizado ganha força na sociedade para restabelecer uma ordem histórica e conferir aos atores o devido destaque na ação.

No parto humanizado, a protagonista é a mulher! Quem faz o parto é a mulher, quem tem o filho é a mulher”, ressaltou Giuliana Ciola Black.

Em 26 de agosto de 2019, Giuliana foi pioneira em Rio das Pedras, ao lado do marido Willy Black, ao parir o filho Rafael por meio de um Parto Natural Humanizado Domiciliar. O procedimento foi acompanhado por Gabriel (primeiro filho), Graziella e Neusa, irmã e mãe de Giuliana, que tornaram o ambiente ainda mais tranquilo, cheio de amor e aconchegante para chegada do bebê.

Apoia o projeto Nossa Rio das Pedras

Atenção, nesse caso, para o “Domiciliar”. O Parto Natural Humanizado pode ser realizado em um hospital. A diferença para o que se chama de Parto Normal é que no Natural não há intervenção de medicamentos, como remédio para estimular a contração ou emprego de técnicas para acelerar o nascimento da criança. Além de optar pelo método natural, o casal Giuliana e Willy decidiu realizá-lo em casa.

O lugar mais aconchegante é a nossa casa, que é do nosso jeito, que tem os cheiros que a gente gosta, a quantidade de luz, a presença de acompanhantes, coisas que nos fazem sentir bem.  A principal razão que nos levou a optar pelo parto natural foi justamente essa possibilidade de humanização”, relatou Giuliana, que completou na sequência.

Porque deixa a mulher mais à vontade. Permite também maior liberdade de movimentos a ela. Muita gente acredita que só existe uma posição para parir. Mas existem várias outras posições que inclusive facilitam o parto e evitam lesões, tanto na mãe quanto no bebê”.

O pequeno Rafael não é o primeiro filho da professora de dança e acupunturista, que também é mãe de Gabriel, de 6 anos.  Giuliana explica que a experiência traumatizante no parto do primeiro filho foi determinante para a opção feita durante a segunda gestação.

O meu primeiro parto foi uma experiência muito negativa. Aconteceram diversas coisas que eu não gostei. Me senti desrespeitada. Lembro-me que a caminho do hospital, estava chorando e não era um choro de felicidade, apesar de ser um dos momentos mais felizes da minha vida. Era um choro de frustração. Desde então, pensei: se eu tiver outro bebê vai ser completamente diferente. Quero estar feliz quando estiver a caminho, quero estar bem, quero que as coisas fluam da maneira mais natural possível”, explicou ela. 

Da esquerda para a direita, as parteiras Nelly e Leandra (em pé) e Thayna (abaixada); sentados na cama, Giuliana com o filho Rafael no colo, o marido Willy, Graziella Ciola (irmã de Giuliana) e a doula Regina; deitando na cama o primeiro filho Gabriel. CRÉDITO: ACERVO DA FAMÍLIA

PROCEDIMENTO REQUER ACOMPANHAMENTO

A equipe responsável por acompanhar Giuliana explicou que o Parto Domiciliar Planejado é quando a mulher escolhe sua casa para o nascimento de seu filho(a), por se sentir segura e acolhida dentro de suas necessidades. É assistido por parteiras habilitadas (enfermeiras obstetras, obstetrizes e, em alguns locais, médicos).

Nenhum tipo de intervenção desnecessária ocorre, respeitando a fisiologia do corpo e os desejos da família, desde que a gestação seja de risco habitual e o trabalho de parto siga sem intercorrências”, explicaram em texto encaminhado para Nossa  Rio das Pedras.

O material contém outros esclarecimentos sobre o Parto Natural Humanizado Domiciliar. “As pesquisas mostram que em gestação de risco habitual, os riscos de se parir em casa e no hospital são os mesmos. Porém, nos hospitais, a chance de a mulher não ser tratada com individualidade e humanização aumentam. Durante o trabalho de parto é possível perceber se há algum sinal que mostre uma possível intercorrência. Nesse caso, as parteiras tomam a decisão de transferir para o hospital de referência. Caso ocorra uma emergência, as parteiras possuem todo o material e técnica para atuar nessas situações”.

PAI RELATA EXPERIÊNCIA

Quando ele [Rafael] nasceu, eu estava junto dentro da banheira, abraçado a ela [esposa]”. O relato do momento final do parto, descrito pelo marido Willy como “uma experiência linda, maravilhosa!” confere ar de recompensa a toda atenção e carinho dispensados à esposa Giuliana durante todo o longo trabalho de parto. Foram 16 horas de muita apreensão nas quais o marido Willy esteve presente em todos os segundos.

Giuliana começou a sentir as contrações às 11h do domingo, 25 de agosto, e deu à luz o menino Rafael às 20h16, da segunda-feira, dia 26. A bolsa se rompeu às 4h da manhã da segunda e foram 16 horas de “bolsa rota”.

A presença do Willy foi super importante, foi um suporte durante as mais de 20 horas do trabalho de parto. Ele esteve comigo durante todo o tempo”, disse ela.

O pai relata momentos tensos ocasionados por presenciar todo processo vivido pela esposa. Ressalta a importância da equipe, formada por três parteiras e uma doula, para passar tranquilidade e segurança em todo momento (naquelas horas).

Quando a gente tem acompanhamento, a gente percebe que não é assim: rompeu a bolsa e o bebê tem que nascer, crença que muitas pessoas têm. As meninas [parteiras] nos deixaram muito tranquilos e cientes de que se não houvesse progresso no parto, a gente precisaria ir para o hospital. Havia todo um Plano B montado”, disse Willy.

 

CASAL RECOMENDA A EXPERIÊNCIA

Os momentos de dor de Giuliana e os de apreensão vividos por Willy são irrelevantes para a avaliação de ambos. Eles estão tão convictos de terem feito a escolha correta que a recomendam para outros pais.

“Queremos encorajar outras famílias. Desde o início da humanidade existe o parto natural. A cultura do parto hospitalar é recente. Atualmente, temos a oportunidade de ter o Parto Domiciliar Planejado , com  toda a segurança de uma equipe junto. Uma equipe bem formada, totalmente capacitada e que faz o parto domiciliar ser ainda mais seguro.  Realmente essa é a nossa mensagem: primeiro, que as mulheres possam viver um parto respeitoso. Segundo, não tendo riscos, que optem pelo parto natural. Terceiro, podendo ter um parto humanizado, natural, melhor ainda se for em casa”, recomendou Giuliana.

A avaliação de Willy vai na mesma direção e ele ressalta a qualidade de vida da esposa no pós-parto. “Vi ela sentir muita dor durante aquele intervalo de 16 horas. Mas no outro dia, ela estava totalmente recuperada. Comparamos uma foto de três dias depois do nascimento do Gabriel (primeiro filho) e de três dias depois do nascimento do Rafael. Ela era outra mulher. A recuperação foi muito mais rápida. Depois do primeiro parto, ela ficou alguns dias no hospital, por conta do corte da cesárea, que causava dor, não permitia que ela esticasse o corpo. Dessa vez, no dia seguinte ela não sentiu incômodo algum”.

 

PLANEJAMENTO FOI FUNDAMENTAL

A opção do casal formado por Giuliana e Willy pelo Parto Natural Humanizado Domiciliar se deu antes mesmo da gravidez. Foi uma decisão tomada ao mesmo tempo em que decidiram ter filho. O marido ouviu o desejo da esposa, respeitou e apoiou a escolha. A partir de então, começaram a planejar.

“Entendo que o papel do homem, do pai, nessa hora é o de apoiar a mulher. Porque o filho é dos dois, só que o corpo é da mulher. A gestação é da mulher. É dentro do corpo dela que o bebê fica durante os nove meses. Os riscos do parto são da mulher. Então, é a vida dela que está ali, é o corpo dela.”, avaliou Willy.

Tão logo veio a confirmação de que a Giuliana estava grávida, começaram o planejamento. “É lógico que não iria, de jeito nenhum, fazer alguma coisa que colocasse em risco a vida da minha mulher e a do meu filho. A gente foi estudar, foi conversar com pessoas que já tiveram a experiência, a gente participou de rodas de parto, a gente pesquisou a equipe de parteiras que iria contratar. Conversamos bastante com elas antes”.

 

 

PRESENÇA DA DOULA GARANTIU SUPORTE

As conversas com a equipe se iniciam durante a gestação, para que seja bem estabelecido o vínculo e a uma relação de confiança. Com encontros periódicos e diálogos, é possível trazer esclarecimentos, tirar dúvidas e receber informações sobre a fisiologia do parto, a fim de que o casal compreenda as fases e sinais de trabalho de parto e se sintam seguros e confiantes com tudo que irão vivenciar.

Tivemos também o acompanhamento de uma doula, palavra que vem do grego “mulher que serve” e que hoje refere-se a profissional treinada em cursos de formação. A função da doula é dar suporte emocional, físico e informacional a mulher antes, durante e depois do parto”, contou Giulina.

A atuação da doula durante o parto é reconhecida e estimulada pelo Ministério da Saúde e pela Organização Mundial da Saúde (OMS). Estudos mostram que a presença delas ajuda a diminuir em 50% os índices de cesáreas, 25% a duração do trabalho de parto, 60% os pedidos de analgesia peridural, 30% o uso de analgesia peridural, 40% o uso de ocitocina e 40% o uso de fórceps.

Além disso, o apoio da doula recebido durante o trabalho de parto e pós-parto aumenta as sensações de bem-estar da mãe, diminuindo os riscos de  depressão pós-parto. Além de todo o suporte físico e emocional, elas informam e orientam as mães a respeito dos procedimentos considerados desnecessários de acordo com as atuais evidências científicas e orientações da OMS.

“Durante o parto, a Regina, minha doula, me manteve calma e confiante em todo processo. Ela ensinou minha irmã e o Willy a me fazer massagens para alívio da dor, me tratou com aromaterapia, além de trazer cantos e músicas que me traziam paz no momento. A presença da doula é indicada mesmo em partos hospitalares e é complementar ao trabalho das parteiras e também dos médicos”, completou a mãe.

Contatos no Instagram:

pais:
@giuciola e @blackbettoni

Equipe responsável pelo parto de Giuliana:

Parteiras:
– Nelly Lima Rocha
– Leandra Galvão de Melo Niceas
@tanascendo
– Thayná Caixeiro Queiroz
@thayna.parteira

Doula:
– Regina Souza
@reginasouzadoula

Continuar lendo...

Especial Barão

Especial Batistada

EspecialDito Boi

Destaque